quarta-feira, 7 de julho de 2010

Portugal é um país racista latente e gaguejante

Curiosa a hesitação do jornalista ao comentar a substituição no jogo de hoje da Espanha contra a Holanda. Entra um lateral de características mais atacantes, mais espontâneo, para render um mais defensivo, com menos incursões no ataque. A gaguez residiu no facto de lateral que saía ser Boateng, descendente de ganeses - preto, portanto - para entrar Jansen, alto, louro, que no nosso imaginário mais cinéfilo, podia perfeitamente ser oficial nazi. A coisa não batia certo. Os africanos correm muito, atacam e defendem. Os alemães são frios e mais defensivos.
Há uns tempos, li uma entrevista com o historiador Rui Ramos que dizia que não se sabia se Portugal era um país racista, porque ainda não tinha sido realmente posto à prova nessa área. Os estereótipos dos comentadores desportivos dão a dica - eles que, em conjunto com os futebolistas nas conferências de imprensa, ensinam gerações inteiras a pensar e a falar. E apanham-se sinais aqui a acolá. Obviamente somos bastante racistas, só que latentes. Não agimos muito sobre o assunto, mas no pensamento, estão lá aquelas classificações todas que tão facilmente despoletarão o conflito, assim que a coisa se proporcione. Para lá gaguejamos.

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