segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Chãos

Na herdade onde os meus avós vivem, o Porto das Mestras, nenhuma porção de chão está pavimentada, excepto o chão das próprias casas (embora, ainda que não me lembre, seja do tempo em que até o chão das casas era de terra batida). A diferença prática do chão do campo para o chão citadino não está só na sujidade que se leva para casa. No outro dia, o meu avô explicava as circunstâncias de um acidente rodoviário sofrido por conhecidos (e potenciais familiares), e com a maior naturalidade, levou o cajado à terra e desenhou a estrada, os sentidos que os veículos se movimentavam e como o acidente aconteceu, coisa que seria impossível em calçada ou alcatrão.
Não é preciso imaginar um Tarzan a visitar a civilização ocidental (nem lembrar a defesa de Jesus da mulher adúltera e simultânea acusação dos fariseus). Se o meu avô quisesse explicar aquele mesmo acidente, digamos, aqui em Picassinos, já teria de puxar pela imaginação. Eu próprio sou sensível a esta limitação do chão do século XXI, pelo que transporto sempre papel e material de escrita na mala que me acompanha para todo o lado. Nunca se sabe quando é para explicar ou quando é preciso fazer um desenho. E nesse caso, recorro ao meu chão portátil.

Sem comentários:

Enviar um comentário